ATA DA SEPTUAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 04.08.1987.

 


Aos quatro dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Septuagésima Terceira Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Septuagésima Segunda Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adão Eliseu, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo n° 07/87 (proc. n° 572/87), que implanta o transporte hidroviário coletivo de passageiros no Rio Guaíba, que funcionará através da iniciativa privada, mediante concessão da Secretaria Municipal de Transportes e segundo normas técnicas estabelecidas por esta; pelo Ver. Getúlio Brizolla, 01 Pedido de Providências, solicitando que a SMOV proceda reparos junto às paradas de ônibus, nos passeios, de buracos existentes ao longo da Avenida Cavalhada; pelo Ver. Nilton Comin, 01 Pedido de Informações, acerca do canil instalado na Estrada Francisca de Oliveira Vieira n° 274, Belém Novo; pelo Ver. Pedro Ruas, 01 Pedido de Providências, solicitando poda de árvores na Rua Pelotas, entre a Rua São Carlos e Av. Farrapos; pelo Ver. Raul Casa, 02 Projetos de Lei do Legislativo n°s 54/87 (proc. n° 1459/87), que denomina Rua Ivescio Pacheco uma via pública; 56/87 (proc. n° 1476/87), que denomina Rua Hilário Cristo um logradouro público; 01 Projeto de Resolução n° 20/87 (proc. n° 1588/87), que concede o título de Honra ao Mérito Atlético aos atletas do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense; pela Verª. Teresinha Irigaray, 01 Pedido de Providências, solicitando colocação de iluminação na Rua João Pitta Pinheiro Filho, Trav. B n° 13, Jardim Camaquã, Bairro Camaquã; 01 Pedido de Resolução n° 22/87 (proc. n° 1630/87), que concede o título honorífico de Cidadã Emérita a Sra. Lygia Pratini de Moraes. Do EXPEDIENTE constaram: Ofício n° 1462/87, da Câmara Municipal de São João da Boa Vista, SP; s/n°, da Sra. Coordenadora da Procuradoria de Assistência Jurídica aos Municípios; Ofício Circular n° 02/87, da União dos Vereadores do Rio Grande do Sul; Cartão do Sr. Presidente da Habitasul. Em COMUNICAÇÕES, a Verª. Teresinha Irigaray reiterou solicitação que fez nesta Casa, ontem, de participação dos Parlamentares deste Legislativo na Campanha “Adote uma Creche”, que faz parte do Projeto “Geração 21”, analisando a importância desta Campanha para população infantil e para a diminuição da violência em nosso País. O Ver. Hermes Dutra reportou-se ao pronunciamento, de hoje, da Verª. Teresinha Chaise, acerca da Campanha “Adote uma Creche”, vigente em Porto Alegre. Falou sobre sugestão feita ao Pref. Alceu Collares, de tombamento da casa em que residia o cantor Lupicínio Rodrigues para a instalação, ali, de um museu em homenagem ao cantor, lamentando resposta negativa recebida do Executivo Municipal quanto ao assunto. E o Ver. Frederico Barbosa discorreu sobre o início, hoje, do funcionamento do quebra-molas da Av. Beira-Rio, comentando as primeiras respostas dadas pelos usuários a respeito. Salientou idéia que transmitiu ao Executivo Municipal, de alterações e melhorias na sinalização daquele local, comentando os benefícios que isso traria à população. Falou sobre as vantagens do lançamento, na Cidade, de uma Campanha intitulada “Adote uma Sinalização”, na busca de soluções para os problemas que hoje apresenta o trânsito porto-alegrense. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Brochado da Rocha referiu-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Frederico Barbosa, acerca do trânsito em Porto Alegre, tecendo comentários sobre as diversas dificuldades apresentadas pelo tráfego em nossa Cidade e lamentando não existir nenhum plano generalizado e progressista para a área. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Pedro Ruas, dizendo ter participado, ontem, de debate interno do PDT, entre possíveis candidatos à presidência do Partido, salientou reflexões feitas na ocasião acerca do momento e do papel de seu partido dentro da conjuntura nacional. Destacou a importância da convenção partidária a ser realizada em setembro ou novembro próximo para que o PDT ocupe seu lugar dentro da política brasileira. O Ver. Aranha Filho comentou pronunciamentos feitos, hoje, na Casa, acerca dos problemas enfrentados pelo trânsito de Porto Alegre, destacando o grande número de acidentes de trânsito e de trabalho com vítimas fatais que ocorrem no País e a necessidade de que seja dada uma maior atenção para este setor. E o Ver. Flávio Coulon congratulou-se com a administração municipal pelo início da restauração da Usina do Gasômetro, destacando a justeza desta medida mas questionando a forma como são realizadas as contratações de serviços de empresas, sem a devida concorrência pública. Às quinze horas e vinte e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Frederico Barbosa e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa e Teresinha Irigaray, a última como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Vereador Antonio Hohlfeldt. Ausente. Ver. Adão Eliseu. Ausente. Ver. Werner Becker. Ausente. Verª Teresinha Irigaray, V.Exa. está com a palavra.

 

A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, novamente, dentro da temática conhecida de todos os Senhores Vereadores e da qual eu firmo o meu objetivo político, eu volto à tribuna para reiterar o meu pedido de ontem, para dizer a esta Casa e para dizer a todos os Vereadores que aqui se encontram que nada mais justo, nada mais social e nada mais humano do que nós Vereadores da cidade de Porto Alegre nos aliarmos à campanha do adote uma creche. E nós, particularmente, da Casa, adotarmos a creche mantendo e provendo as crianças em todas as suas necessidades.

Poderá para muitos parecer demagógico que esta Vereadora venha seguidamente à tribuna e tente afirmar, convencer e sensibilizar. Mas eu escuto sempre os meus nobres pares em suas exposições sobre preocupações em todo o País, sobre os problemas que o País enfrenta, mas acho e alerto que é uma pena que a gente não consiga expor a idéia no Plenário. Mas eu digo e alerto sempre que se o problema básico não for solucionado, que é o problema do menor, nenhum Vereador terá condições de vir aqui e pedir ou segurança ou solução para os problemas nacionais.

Se nós, basicamente, não protegermos o menor, desde a sua infância, desde a sua formação, nós estaremos contribuindo para que este País realmente fique envolvido num caos, sem segurança. Não podemos tentar resolver este problema se o básico, o primordial, se o alicerce, Ver. Getúlio Brizolla, que são as crianças, que são o nosso futuro, não forem contempladas por estes Vereadores e por estes políticos.

Posso afirmar, Vera. Jussara Cony, que sou Vereadora da situação, sou Vereadora do PDT e o Prefeito do PDT não tem e nem a Prefeitura dispõe de recursos para proveras creches municipais, que são poucas Vereadora, quanto mais os auxílios comunitários, que devem ser dados através das associações, e, ontem, Vereadora, eu fiz um apelo para que cada Vereador adote uma creche. Pode ser, Ver. Caio Lustosa, até um Projeto político, mas se V.Exa. for assistir às crianças da creche de seu bairro, do bairro que elegeu V.Exa., V.Exa. estará contribuindo politicamente e também socialmente para que aquelas crianças tenham um melhor sorriso. Eu, publicamente, quero dizer que adotei duas creches: a creche Maria da Conceição lá do Bairro Unidos da Paineira e a Creche da Orfanatrófio 2, que são extremamente carentes.

Agora, eu gostaria, neste momento, de ver algum Vereador dizer: Vereadora, eu também adotei uma creche, junto contigo. Somos 33 Vereadores e se cada Vereador adotar uma creche, serão 33 creches, se cada Vereador adotar duas, serão 66 creches. Quantas crianças, senhores da imprensa, senhores jornalistas, serão assistidas pelos Vereadores da Capital e não será, Ver. Nilton Comin, um Projeto demagógico, porque nós somos os edis da Cidade, nós temos um mandato dado pelo povo de Porto Alegre, nós temos, Ver. Lauro Hagemann, obrigação de atender essas creches. E o estado das creches de Porto Alegre é miserável. As crianças se misturam com a lama, com os detritos, com os animais, rolam pela sarjeta sem ter quem as defenda ou quem as entenda ou quem as ampare. Os poucos rendimentos que as associações comunitárias recebem, Ver. Getúlio Brizolla, não dão vencimento. As crianças estão com fome. As duas creches que eu adotei são creches miseráveis. Tenho certeza de que o dinheiro que vou dar para aquelas creches, não me fará falta no fim do mês. Tenho certeza também de que nenhum Vereador desta Casa irá recusar-se. Vereadores, vamos adotar uma creche, vamos integrar esse projeto - o da Geração 21 - para que as nossas crianças, amanhã, tenham melhores condições.

 

O Sr. Getúlio Brizolla: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Teresinha Irigaray, V.Exa. sabe conquistar os espaços; sabe caminhar e conhece os fundamentos de ajuda. Quem ajuda crianças, aposta no futuro. Vereadora, de coração, quando o PMDB não oferece nada ao Rio Grande e à Capital, estamos trabalhando com Alceu de Deus Collares, homem que também sabe trabalhar. Ele foi um deputado dos mais votados, não escolhido nem por mim, nem por V.Exa., mas, sim, pelo Brasil.

 

A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Obrigada, V.Exa. em muito contribui para meu pronunciamento e reconheço isso. Então, lanço o apelo para que V.Exas. adotem uma creche. V.Exas. têm, por formação, por espírito público denodado e social não só a obrigação, mas também a sensibilidade em atender a este apelo: vamos adotar, cada um, uma creche ou duas. Vamos sustentar essas crianças, vamos fazer com que elas sejam mais felizes e sejam educadas em melhores condições. A campanha é para que os empresários adotem uma creche. Sou de acordo, embora ache que muitas empresas não cumprem essa lei até para os seus funcionários, quando têm mais de 30 funcionários. Agora, nós, políticos, devemos e temos a obrigação, pois somos eleitos pelo povo e, por isso, temos obrigação, condição e respeito por essas crianças que perambulam sem condições e sem ajuda. Apelo aos líderes Lauro Hagemann, Jussara Cony, ao líder Flávio Coulon, ao líder Hermes Dutra, ao líder Frederico Barbosa, ao líder Cleom Guatimozim, que o meu apelo não caia no vazio, que não seja um grito desesperado de alerta. Não adianta os Senhores virem aqui falar de Constituinte, sobre renovação de partidos, sobre eleições diretas, quando dão as costas ao real problema deste País, que é o atendimento ao menor. Peço, apelo, renovo a proposta às lideranças desta Casa, e aos Srs. Vereadores, são todos Vereadores da cidade de Porto Alegre: não vamos abandonar as creches e as crianças da cidade de Porto Alegre! Vamos integrar esta campanha, vamos renovar, vamos dar a demonstração de que a Câmara Municipal de Porto Alegre foi bem votada, e que seus edis, que seus componentes não são meros políticos ou politiqueiros, e vão se preocupar com uma coisa justa, nobre, meritória, que irá ficar na sua consciência, no seu coração, dando tranqüilidade e felicidade. Nós vamos ajudar essas crianças! Eu vou passar uma lista no Plenário, vou encaminhar a todos os Vereadores, bater de porta em porta, porque é o mínimo que eu posso fazer. Sei que não vou resolver o problema de segurança deste País, não vou resolver a respeito da Constituinte, a nossa voz de Vereadores sequer foi ouvida lá. Agora, os problemas da minha Cidade, que me elegeu, vou tentar amenizar.

Este problema está nas minhas mãos, e vou contribuir com um pouco do meu salário para duas creches, se der para três, vou contribuir. Espero que todos os Vereadores, cada mês, possam ir na sua creche e dizer: “aqui estou plantando uma árvore”. Que irá frutificar, certamente, em frutos reais.

Tenho certeza de que conto com o coração, com a sensibilidade dos edis desta Câmara. Vamos, pois, adotar uma creche, ou duas. Tenho certeza de que este apelo não vai cair no deserto daquelas proposições mal-intencionadas, pois é uma proposta bem-intencionada.

 

A Sra. Jussara Cony: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vereadora Teresinha Irigaray, em primeiro lugar gostaria de destacar a justa preocupação de V.Exa. com um dos problemas sociais que talvez seja o de maior importância em nosso País. Não temos a menor dúvida da enorme crise a que foi levado o País pelos desmandos e descasos, principalmente, nas áreas sociais, como, por exemplo, na de educação a que, pelo meu entender, está afeta esta questão. Pela compreensão que temos que a educação não começa, como querem nos fazer crer aos sete anos de idade. Ela tem que começar e ser responsabilidade do Estado a partir do momento em que nasce uma criança. Pelo menos, esta é a luta que devemos travar. Neste sentido, Vereadora, eu não tenho dúvidas e gostaria de deixar o nosso posicionamento em seu pronunciamento, de que a luta passa para o âmbito político e nós, como Vereadores, como militares dos mais variados movimentos, nos parece importante destacar que esta luta tem que estar no patamar político, no sentido de resgatar a responsabilidade do Estado com a educação, a partir do zero ano para todas as crianças deste País. E exigir que o Estado, em nível de Governo Federal, Estadual e Municipal assuma, por um lado, esta questão como um direito básico do cidadão, por outro lado, exigir do Estado, também, que faça cumprir uma lei que foi fruto da organização dos trabalhadores que é a Lei de Creche. Me admira muito que, demagogicamente, empresários que não cumprem a Lei de Creche, são os que lançam mais um vez, este apelo, transferindo a sua responsabilidade à comunidade como um todo, para que esta comunidade assuma mais uma responsabilidade. Acho que temos muito a colaborar e isto é uma das questões a serem resolvidas sem o processo constituinte. E não posso concordar com V.Exa., até pela participação que esta Câmara tem tido, através de vários Vereadores, e V.Exa. é uma, no processo em curso na Assembléia Nacional Constituinte, onde não estamos apenas em luta por questões municipalistas e do Poder Legislativo, mas, fundamentalmente, na grande luta que hoje tem que unir todo o povo brasileiro, para resolver os graves problemas sociais, um dos quais é esse que V.Exa., com muita propriedade, traz. Só não concordamos, Vereadora, a nível de propostas.

 

A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Agradeço o seu aparte. Para concluir, apenas quero dizer que realmente, foi um fruto da omissão de todos os Governos que passaram. Por isso é que as crianças estão rolando por aí. Acredito que, talvez, a nova Constituinte dê uma futura solução; porém, cabe a nós, legisladores de Porto Alegre, tomar uma resolução a nível regional, sem esperar que ela nasça ou caia do céu a nível nacional, que isso, forçosamente, não irá acontecer. Nós temos que lutar a nível regional, da nossa Cidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o meu assunto não é sobre creches, mas eu queria fazer um pequeno comentário em relação ao tema trazido pela Vera. Teresinha Irigaray. Vereadora, eu louvo a sua preocupação, dou-lhe razão e até desejo, ardentemente, que V.Exa. consiga sucesso na luta que faz. Em primeiro lugar, a ação individual de cada um depende da consciência. Eu, por exemplo, continuo com a minha parte, e faço-a porque quero, pois acho que é minha obrigação como cidadão e como cristão. Em segundo lugar, acho que não podemos invalidar a campanha das empresas adotarem creches, até por que a Lei das Creches atinge empresas a partir de um determinado nível de empregadas do sexo feminino, não me lembro quantas, mas me parece que cinqüenta. No Rio Grande do Sul, mais de 70% das empresas não têm cinqüenta empregadas do sexo feminino. Então, vejam que estas empresas estariam fora desta obrigatoriedade. Então, não vejo mal nenhum em que se apele para que empresas adotem creches. Quanto ao não-cumprimento da Lei, isto é outra questão, é uma questão de fiscalização. É uma questão do Ministério Público, que tem a obrigação de observar o cumprimento das leis e se a lei não está sendo cumprida, tem que acionar a empresa, para que ela seja punida. Eu me confesso sem conhecimento para julgar se a lei é atendida em gama muito grande ou não de empresas, mas acho que uma coisa não justifica a outra. A Lei existe e deve ser cumprida. Temos é que pressionar para que o Governo ou o Ministério Público cassem as empresas que não cumprem as leis.

 

A Sra. Teresinha Irigaray: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não foi bem isto o que eu disse. Eu disse que a campanha atingia a classe empresarial, mas que muitas empresas não cumprem isto. Mas a campanha é meritória e se as empresas que podem mais a adotarem, será excelente. É uma campanha nossa, que está sendo lançada também nesta Casa, para nos agregarmos a ela. Mas é como V.Exa. diz: é um caso de consciência, particular; mas poderá sair daqui da Câmara uma ostensiva muito maior, mais abrangente e que ajude mais. Não quis atingir nem ofender ninguém, mas acho que os empresários, que são os donos do dinheiro, têm obrigação de ajudar. O que eu disse é que muitas empresas não cumprem a Lei de Creches.

 

O SR. HERMES DUTRA: Mas veja bem, Vereadora, nem eu disse que V.Exa. ofendeu alguém.

Mas quero-me referir, especificamente, neste espaço, à resposta de um Pedido de Providências que encaminhei ao Executivo Municipal e que, no Recesso, me chegou às mãos. Tenho tomado conhecimento de que a viúva do nosso saudoso músico Lupicínio Rodrigues pretendia vender a casa em que ele morou e onde, certamente, no recôndito daquele ambiente se inspirou muitas vezes, ou buscou o conforto para que a inspiração, que muitas vezes vinha de fora, pudesse desabrochar, e não tendo Porto Alegre, nem o Museu de Imagem e Som do Rio de Janeiro, por uma falha inexplicável, registrado depoimentos de Lupicínio Rodrigues, sugeri ao Executivo Municipal que fizesse o tombamento da casa de Lupicínio Rodrigues para que ali se fizesse um museu do Lupi, onde ficariam guardadas as coisas que diziam respeito ao grande compositor, ao grande intérprete do Rio Grande do Sul, ao grande poeta, Ver. Ennio Terra, é verdade.

Lamentavelmente, o Executivo Municipal responde dizendo que não é possível o tombamento porque a casa não se enquadra dentro dos princípios necessários para o tombamento.

Ora, se o poeta Lupicínio Rodrigues morasse num palácio cheio de arabescos, com quadros, com colunas imponentes que lembrassem, talvez, a Grécia antiga ou a Roma antiga, ou quem sabe fosse a réplica do Partenon grego, aí talvez se enquadrasse dentro dos critérios necessários para a preservação da casa e fui mais longe na minha sugestão, eu não sou o poeta que foi Lupi e vejo que as coisas devem ser feitas com os pés no chão. Como sei que o Município não tem dinheiro, sugeri que o Município obtivesse uma permuta de área para a viúva, para que ela pudesse fazer o que bem entendesse, se desfizesse da área, vendesse, alugasse, construísse uma casa, enfim, ficando o Município com aquele prédio para si e pudesse com o passar do tempo, pois não é uma coisa de hoje para amanhã, pudesse iniciar ali a instalação de um museu, ou de uma casa que guardasse a memória musical do Rio Grande do Sul, da qual o Lupi foi o maior e talvez, não sou entendido na questão, mas o único na questão da música urbana do Rio Grande do Sul.

Lamentavelmente, o Executivo Municipal disse que não pode fazer. Ora, se o Executivo pode fazer trocas de áreas de um hectare, quer vender terrenos no centro para construir creches, com os quais eu concordo - diga-se de passagem, eu não sou contra - já disse isso na tribuna, por que não pode fazer uma permutinha com a família do Lupicínio Rodrigues?

 

O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu concordo com V.Exa. pelo espanto diante da informação do Executivo de que não pode fazer tombamento, por, talvez, o prédio não ter valor arquitetônico; mas essa visão do Executivo está completamente fora do que a própria lei de tombamento de prédios prevê, a nível federal, e que se aplica na Estadual: não é pelo simples valor arquitetônico, ou histórico, mas pelo valor cultural, como V.Exa. bem diz, a figura de Lupicínio é a maior figura da nossa música urbana. E digo que mais uma vez não me surpreendo, porque o assessoramento do Executivo, e temos tido provas aqui, em matéria jurídica, é francamente lamentável. Acho que V.Exa. devia, ou insistir para que o Procurador-Geral do Município se manifeste - não acredito que o Dr. Mathias, que é uma pessoa competente, vá dar respaldo a esse tipo de informação. É uma informação absurda, é um chute do Prefeito Socialista Moreno. Se ele insistir querendo tirar de si esse dever de tombar a casa de Lupicínio, eu sugeriria que V.Exa. apresentasse um Projeto de Lei, porque a Câmara tem poder administrativo, e a Câmara pode aprovar o Projeto de Lei tombando, e depois com isso, forçar uma permuta; garanto que se fosse com um grande grupo empresarial a permuta se realizaria de hoje para amanhã.

 

O SR. HERMES DUTRA: V.Exa. me socorre em dois aspectos: em primeiro lugar, na questão da Lei que eu realmente não lembrava, pois estava no mérito da questão, se o Lupi viveu ali, a meu juízo, é fato suficiente para que a casa tenha valor; segundo lugar, me lembra o aspecto do Projeto de Lei, que realmente não tinha pensado, pois o “uso do cachimbo deixa a boca torta”, diz o ditado: com medo de que digam que a Câmara não pode apresentar Projeto desse tipo, porque vai gerar despesas e etc. Realmente, não aceito, me rebelo contra a informação, vou recorrer ao Prefeito, vou pessoalmente lá, e vou levar essa argumentação de V.Exa. que acho carregada de verdade. Porque não é possível, porque se fosse - eu digo sempre que tenho os pés no chão - uma área de 50 hectares, que fosse custar os olhos da cara para o Município, poderiam dizer que era difícil, mas, pelo amor de Deus, é uma casinha com um terreno pequeno, não é um latifúndio dentro de Porto Alegre.

 

O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, Vereador, eu quero dizer que me somaria à iniciativa de V.Exa. até porque sou admirador e fui amigo pessoal de Lupicínio Rodrigues.

 

O SR. HERMES DUTRA: Coisa que, lamentavelmente, não fui.

 

O Sr. Kenny Braga: Agora, quero-me insurgir contra a expressão utilizada pelo brilhante Ver. Caio Lustosa, dizendo que deve ter sido um chute do Executivo porto-alegrense. Quero dizer ao Ver. Caio Lustosa que o Executivo porto-alegrense não chuta - se existe chute, é a nível estadual, mas a nível municipal não existe chute. Chutador é que faz este tipo de afirmação, sem saber, realmente, o que ocorreu.

 

O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Hermes Dutra, me somo às suas palavras e à sua preocupação - tem V.Exa. toda a minha solidariedade. Realmente, os desencontros nesta administração, embora as palavras do Ver. Kenny Braga, são notórios. Uma inauguração na Vila Restinga que lhe vai embora a chave, uma inauguração aqui na Praça Arquimedes Fortini, onde brigaram, no dia anterior, porque o nome de um secretário não constou no convite e no dia seguinte não saiu a inauguração - graças a Deus que estava chovendo. E até aproveito para dizer à Teresinha para que ela avise que a placa do Arquimedes Fortini está fora de esquadro. Que eles inaugurem e coloquem a placa em esquadro, para, pelo menos, não passarem outro vexame na hora da inauguração.

Mas a título de sugestão, e até pediria que V.Exa. se assessorasse também do filho do Lupicínio Rodrigues, que é um elemento do PDT, de confiança do PDT, que certamente, neste entrevero todo, ficou totalmente de fora de sua iniciativa.

 

O SR. HERMES DUTRA: Tomei a liberdade de mandar a resposta - mandei cópia da resposta ao Lupinho, até porque, em sendo de mesmo partido, acho que eles hão de se entender. E como tinha já comunicado anteriormente, da minha intenção de que, efetivamente, acho que a Cidade tem de prestar esta homenagem, esta Cidade tem a obrigação de preservar a sua memória. Não podemos continuar cometendo crimes contra a memória. Por isto é que este Vereador teve esta preocupação - nenhuma outra. A família do Lupicínio Rodrigues pertence ao PDT, são militantes do PDT, não tenho ligações com a família a não ser uma profunda admiração com as músicas do Lupi e cantarolá-las, às vezes, sozinho, no banheiro. Efetivamente, é triste e lamentável que o Executivo tenha sido insensível a esta solicitação. Mas espero que o Prefeito mude de idéia. Se Deus quiser ele vai mudar de idéia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Casa cede seu tempo ao Ver. Frederico Barbosa. V.Exa. tem 10 minutos.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Notícia a imprensa de hoje, às primeiras horas, do quebra-molas da Av. Beira-Rio. Evidentemente que com opiniões favoráveis, e diga-se de passagem, na imprensa, mais favoráveis do que desfavoráveis e algumas considerações como as que recebi pessoalmente de uma pessoa que, cometendo uma imprudência, mas fora de hora, tentou ultrapassar o quebra-molas a 80 por hora e o ultrapassou sem nenhum problema, não causando nenhum problema ao veículo. Ao mesmo tempo, já surgiram notícias, e estou colocando as notícias, das que conheci, de pessoas que temem a possibilidade de que por não ser um obstáculo maior até como se presumia, poderá vir a se tornar perigoso, por esta velocidade que passa pelo sonorizador e que passa pelo quebra-molas. Mas não vou colocar como notícia. A legalidade é absolutamente comprovada. O local será beneficiado? Acho que qualquer coisa que faça o trânsito fluir mais vagarosamente diante de uma escola é válida. E não só desta, eis, que todas as outras passaram a ter direito de se habilitar a ter um quebra-molas, para que não exista privilégio diante desta escola. E gostaria de pedir à consideração, encarecidamente, do Executivo Municipal, da idéia aprovada, num primeiro momento, num diálogo neste Plenário e que, levei ao Sr. Prefeito e que o Sr. Secretário dos Transportes diz que está em estudos. Segundo me consta, numa pequena linha dos jornais de hoje, está o que pode ser a fusão da idéia deste quebra-mola que lá está com a idéia da sinalização em barras de 7 lâmpadas vermelhas eis que, num canto da notícia, alguém e não lembro que alerta que necessitaria muito mais sinalização. Até mesmo pessoa vinculada ao Executivo ontem me deu um depoimento no sentido de que a sinalização ainda não é boa, até para o anúncio da presença desse obstáculo diferente, eu diria, perante a população de Porto Alegre que não está acostumada realmente, com um obstáculo transversal, como o que lá foi instalado. Então, esta é a minha solicitação ao Executivo. A idéia lá está, me parece que num primeiro momento, muito bem recebida pelo Prefeito; segundo, o Secretário dos Transportes em exame pela área técnica. Quem sabe não poderia ser uma adaptação para que se alertasse - e muito bem - o motorista, daquilo que vem pela frente, de que ali existem vidas humanas atravessando uma enorme larga avenida como a Beira-Rio, e que se alertasse também para a presença desse obstáculo que alguns chegam a dizer que não está bem alertado para aquilo que o motorista irá encontrar.

 

O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, recomenda a boa técnica, inclusive, eu diria melhor, as modernas técnicas de prevenção de acidente recomendam que seja feita uma ampla sinalização. Para este caso, em particular, eu diria que seria recomendável uma ampla sinalização, tanto horizontal, como vertical. Mas lá está o anteparo. Dizem que não é um quebra-molas e sim uma ondulação transversal. Eu vi o Projeto e constatei que era, exatamente, uma ondulação transversal e não um quebra-molas. Mas, ainda me fica uma dúvida e quero deixá-la transparecer ao Plenário, de agora em diante, os acidentes, que por acaso ali acontecerem, terão um responsável. Antes, os responsáveis eram os motoristas que ultrapassavam o sinal e chegavam até a faixa de segurança - me parece que com quatro mortes ocorridas naquele local - então, a culpabilidade era dos motoristas. Agora os motoristas podem transferir esta culpabilidade a quem fez a ondulação transversal. Esta é a preocupação que me assola e eu gostaria de deixar registrado nos Anais da Câmara de Vereadores de Porto Alegre esta preocupação.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu agradeço a V.Exa. pelo aparte e continuo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dizendo que no último parágrafo do Ofício que entreguei ao Prefeito Municipal a respeito desta nova sinalização que poderia ser implantada em Porto Alegre, lembro muito bem que está colocada a idéia de um Projeto de Lei “Adote uma Sinalização para Porto Alegre”. Deste item, a todos quanto tenho divulgado a idéia, tenho recebido apoio. E se o Sr. Prefeito Municipal - absolutamente vai qualquer tipo de idéia ameaçadora - não achar interessante enviar a esta Casa dentro dos próximos dez dias um Projeto de Lei “Adote uma Sinalização para Porto Alegre”, irei realizar este projeto e submeter ao Plenário da Casa, porque uma coisa está comprovada, Ver. Getúlio Brizolla, a sinalização de Porto Alegre é absolutamente precária, as faixas de segurança, que segundo o Secretário Municipal dos Transportes, as mais fáceis de execução custam no mínimo cinco mil cruzados, estão aí na frente das escolas, na frente das grandes travessias, sem ter nem a sua repintagem, se assim é o termo. Por que não se realiza a idéia? Se a idéia é boa e não é realizada porque a levei ao Prefeito, farei pessoalmente e ingressarei com um Projeto de Lei na próxima semana criando o “Adote uma Sinalização para Porto Alegre”. Não entendo por que, como na Lagoa Rodrigues de Freitas do Rio de Janeiro, como em outros lugares, como na Europa, não possa existir uma sinalização, a firma fulano de tal avisa: a 50 metros sinaleira, a 50 metros faixa de segurança. Existem firmas, tenho absoluta certeza de que colaborariam, firmas de tinta, firmas que têm interesse. E até acho mais, Ver. Brizolla, acho que adotar uma sinalização é, quem sabe, mais importante do que adotar uma praça. A praça traz um lazer que nós achamos que é absolutamente necessário, mas adotar a segurança de uma vida humana é muito mais importante do que adotar uma praça.

 

O Sr. Getúlio Brizolla: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Frederico Barbosa, V.Exa. pode estar consciente que o Dr. Alceu de Deus Collares é uma pessoa que sempre olhou pelas crianças e essa sua preocupação também é minha porque eu também fui criança. Hoje sou adulto e valorizo suas frases e pode estar consciente que nesses 22 anos de roubo de Prefeitura aqui tem um homem que está colocando um trabalho honesto.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço seu aparte e, evidentemente responsável como é, deve assumir o que disse quando acusa o roubo dos ex-prefeitos. Eu prefiro dizer que espero que o Prefeito Alceu Collares não só olhe pelas crianças, mas também ache tempo de olhar para a sinalização de trânsito e veja que tem uma idéia em cima de sua mesa que pode ser executada e que certamente trará o benefício para as crianças que ele está olhando.

 

O Sr. Getúlio Brizolla: V.Exa. ilustrou o meu pronunciamento no final, derrapou como todo bom Oposicionista que durante muito tempo só fez foi criticar e já decorrem mais de 50% deste mandato e só acusam os outros, como V.Exa. disse, de roubo. Eu prefiro que o Executivo resolva o problema do gabinete do Vice, do salário do Vice, resolva os seus projetos. Saia dos projetos e trabalhe por Porto Alegre.

 

O Sr. Aranha Filho: (Aparte anti-regimental) Adote um vice também.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente, encerro o meu pronunciamento com a idéia do Ver. Aranha Filho: “adote um Vice também”. Seria uma boa idéia para o Executivo Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito que o Ver. Frederico Barbosa assuma esta Presidência para que este Vereador faça uso da palavra.

 

(Troca-se a presidência.)

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Com a palavra o Ver. Brochado da Rocha.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aqui, neste Plenário, foram colocadas algumas questões referentes ao trânsito de Porto Alegre, num geral, como quebra-molas, etc. Ao nosso juízo, a questão do trânsito - ou da circulação de veículos, em Porto Alegre - vem tendo, ao longo do tempo, um tratamento bastante burocrático. Avenidas são, hoje, absolutamente inviáveis, como, por exemplo, a Av. Assis Brasil, na qual, se não forem tomadas urgentes providências, se tornará inexeqüível, sendo que ela já é, hoje, inexeqüível. Não vemos nenhuma providência no sentido de tornar viáveis algumas avenidas hoje completamente inviáveis. Há necessidade de uma visão maior dos problemas de Porto Alegre. Insisto em dizer, sem entrar, particularmente, no mérito da questão - que poderei fazer em outra oportunidade - mas, diria, que a implantação dos corredores e deste tipo de adentrada - como aqui, a do nosso Centro, que segundo as tradições gaúchas, parece ser a dança do sebo, pau de sebo, ajuda-me o Ver. Lauro Hagemann. Porto Alegre não tem nenhum plano, não vejo nenhuma antevisão, não vejo nada que se concretize e evolua no trânsito desta Cidade. A sua circulação tende, forçosamente, a ser cada vez mais deficiente, inclusive com as famosas sinaleiras referidas pelo Ver. Frederico Barbosa. Diria que o valor é insignificante, de vez que a Brigada Militar não tem atuado nesta área.

As penas e a correção disto não têm atuado. Até mesmo no transporte coletivo, existe uma lei desta Casa que manda colocar os horários nas paradas, mas não existe a fiscalização dos horários.

Por que, Ver. Frederico Barbosa, terei eu que adotar uma sinaleira, se esta sinaleira não é fiscalizada? Esta é a questão que coloco: para que a sinaleira?

Aliás, sobre sinaleira, desafio o Ver. Aranha Filho, que é um “expert” no assunto - eu não conheço e quero registrar nesta Casa, que não existe uma cidade no mundo, nem por notícia, que tenha tantas sinaleiras quanto Porto Alegre - se formos somar esta proporção ela não é nem relativa, é absoluta, se formos somar o número de veículos, o número de artérias ou cruzamentos, pois os problemas vão desde os macroproblemas, por exemplo, solucionar o problema relativo a resolver “o problema das crianças ali na Praia de Belas”. Eu pergunto: hoje mesmo está colocado na imprensa que aquela avenida, quando chega no Estaleiro Só está a provocar inúmeros acidentes. Continuo e deixo à consideração do Ver. Aranha Filho, para ele, em outra ocasião, me rebater: nunca vi tanta sinaleira e não sei para quê. Quem chega, principalmente de fora, tem uma visão mais isenta, é até motivo de chacota, pois temos em Porto Alegre uma situação ridícula, de tanto que sinalizada.

Já lhe darei o aparte, Ver. Aranha Filho, aliás, antes de passar a palavra a V.Exa. pego um gancho, já nos corredores que o Ver. Caio Lustosa estava falando, de que parece mais uma floreira de sinalização. É ridículo.

 

O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu concordo em gênero, número e grau com V.Exa. Uma coisa é verdade: Porto Alegre está sendo administrada por crises. Então, quando ocorre qualquer problema, a administração municipal vai ali e resolve aquele problema particular e não faz uma macroanálise como V.Exa. está apregoando. O trânsito de Porto Alegre merece uma olhada bastante aprofundada. A Av. Assis Brasil, que V.Exa. referiu, necessita, quem sabe urgentemente, de um minhocão. A Av. Sertório, poderia ter uma terceira pista. Então, deve ser olhado o problema do trânsito de Porto Alegre com bastante carinho. Por que não proliferam os sonorizadores, para chamar a atenção do motorista? Tem diversas e diversas maneiras.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Nobre Vereador, V.Exa. não referiu ao que eu falava, que Porto Alegre é recordista mundial.

 

O Sr. Aranha Filho: Concordo.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Concorda? É isto que eu queria pegar de V.Exa.

 

O Sr. Aranha Filho: Ao invés de proliferarem as sinaleiras, os sinais verticais, por que não proliferam os sinais horizontais?

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Olha, Vereador, eu acho que o negócio está mais para o hábito do que para vertical e horizontal. Acho que subiu.

 

O Sr. Aranha Filho: Mas se subiu ninguém sabe.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: E ninguém viu. Mas Porto Alegre possui um recorde de sinaleiras. Com a idéia do Ver. Frederico Barbosa, nós vamos ter um recorde de pais adotivos.

 

O Sr. Frederico Barbosa: Eu não falei de sinaleiras, eu falei de sinalização.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Ou de sinalização. Eu nunca vi uma cidade com tanta coisa. É uma verdadeira parafernália este trânsito de Porto Alegre. É uma anarquia institucionalizada por várias sinaleiras e por várias sinalizações. Mas isto não vem de agora, Ver. Aranha Filho. Acho que alguém precisa vir e botar os olhos com outros olhos. Acho que aquela tecnocracia que está incrustada na Secretaria dos Transportes deveria ser renovada, até por gente que fala uma linguagem mais simples, com concepções mais simples. Eu quero dizer que é tão pobre a criação, em Porto Alegre, sobre o problema de circulação as novidades num mundo aceleradamente tecnológico que esta sinalização - que é uma coisa simples e usada em muitos países do mundo -, tem sido motivo de grandes comentários na Cidade como uma coisa inusitada. Então, eu quero deixar aos senhores em primeiro: a falta de uma visão macro; em segundo: Porto Alegre é recordista mundial de sinalização; terceiro: nós paramos na última, quando colocaram os corredores, cujo valor é bastante discutível, mas não é o caso agora, e a dança do pau de sebo que foi feita no centro da Cidade... São estas as coisas e Porto Alegre parou. Existem algumas avenidas, como a Assis Brasil, e me permito citar, já que estou contemplando o Ver. Nilton Comin, para citar o seu Clube São José, temos que ter um mapa na mão, de tão complicado que é. Parece, até, que é uma sabotagem ao Clube de V.Exa. Realmente, eu acho que as coisas em Porto Alegre têm que ser mudadas. E esta tecnocracia dominante é insuportável e deve ser revista imediatamente.

 

O Sr. Nilton Comin: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Clube está lá desde 1941. Portanto, faz 46 anos. Nestes 46 anos é que mudaram as coisas, porque o Clube está lá desde 1941.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Correto, as pessoas sabem que o Clube está lá, mas não sabem como chegar lá, pois é difícil. Colocaram esses minhocões, fizeram uma confusão enorme, e era uma coisa simples chegar ao São José. Hoje, é uma coisa bastante difícil, é quase uma obra de engenharia, e foram os insípidos engenheiros de tráfego que criaram aquela dificuldade, e talvez o hábito não tenha chamado a atenção do Ver. Nilton Comin, mas registro que é uma coisa notória, que várias pessoas já registraram. A verdade é que Porto Alegre está pensando muito, e outro fato que chamo a atenção é que as campanhas de trânsito em Porto Alegre eram notórias, e mensalmente eram publicadas, e os senhores viam o número de acidentes por local, por avenida. Hoje, isto não é feito e, por outro lado, não há uma conjugação entre a Brigada Militar e a Prefeitura de Porto Alegre. Todos esses fatos são bastante questionáveis, de maneira que, para não labutar, para não falar em cima de uma morte que poderia representar um oportunismo, me reservei o direito, hoje - que pelo que me consta não há nenhuma morte com maior ênfase colocada -, para dizer que nós temos uma Cidade que parou, desde que fizemos esses corredores e a dança do pau de sebo, para chegarmos no centro da Cidade.

 

O Sr. Nilton Comin: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Veja bem, Vereador, a Assis Brasil hoje, no sentido bairro-centro, só tem uma mão; antes tinha duas; e a Sertório, que fica cinco quadras após, tem duas mãos. Então, vejam bem, como o trânsito não tem uma orientação certa, em que a Assis Brasil, que tinha o maior movimento, hoje tem menor, mas com uma mão só, e a Sertório, com as duas mãos, evidentemente tem o dobro de movimento.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: É o produto dos corredores. Concluo, dizendo que na Zona Norte fizeram um monte de corredores, e uma parafernália de sinalização. Na Zona Sul, não existe nem acostamento, não é usado. E Porto Alegre parou, está parada, e está esperando que alguém pense ou repense a nossa Cidade. Mas, a verdade é que parou. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pela Liderança do PDT, o Ver. Pedro Ruas.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na noite de ontem, este Vereador teve a oportunidade de participar de um debate interno do PDT, entre possíveis candidatos a Presidente, a dirigente maior do Partido Democrático Trabalhista neste Estado, na convenção regional, que deverá ocorrer entre os meses de setembro e novembro deste ano. O debate de ontem, promovido pelo fórum socialista de debates, reuniu os companheiros do PDT Matheus Schmidt, Sereno Chaise e Eden Pedroso, numa reflexão profunda sobre o momento que vive o nosso Partido, o momento que vive o PDT e a sua inserção e atuação nesta conjuntura nacional, que a todos preocupa e que de todos merece reflexão. Sem entrar no mérito da discussão que foi elaborada por aqueles debatedores, resta a nós, como militantes partidários, resta a nós, neste tempo de Liderança da Bancada do PDT, frisar a importância do presente momento para o nosso Partido e, acima de tudo, a extrema atenção e competência que se deve ter para dirigir este Partido, no sentido do cumprimento de sua vocação histórica, que é o de ser um verdadeiro partido socialista. Dentro dos limites de atuação que a legislação eleitoral impõe, o PDT tem condições de sair desta convenção, Ver. Adão Eliseu - com quem há pouco discutia este assunto -, fortalecido e, acima de tudo, com um direcionamento definido rumo ao socialismo democrático preconizado no programa partidário. Há poucos dias se reuniram diversos militantes do PDT, representantes de diversos órgãos do partido, de órgãos convencionais do partido, de órgãos de ponta, com a mesma preocupação, qual seja, a de influir decisivamente para que esta convenção partidária marque definitivamente o direcionamento no caminho do socialismo para o nosso partido. O PDT hoje reúne respaldo de opinião pública, a nível nacional, para se transformar no partido que verdadeiramente expresse os anseios populares e verdadeiramente canalize tudo aquilo que o povo brasileiro espera há tantos anos e até agora não teve condições de obter: um mínimo de condições de vida para a dignidade humana, um mínimo de justiça social, um mínimo de redistribuição de renda e de benefícios que, infelizmente, uma parcela cada vez menor da população brasileira detêm em suas mãos. Em nossa opinião, este é o momento daqueles militantes do PDT, realmente comprometidos com a causa do socialismo, influírem dentro do partido, para que esta convenção seja um marco definitivo entre o desligamento de erros do passado e o compromisso com as causas do futuro, onde a bandeira maior é a do socialismo e onde a causa maior é a causa popular. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Com a palavra o Ver. Aranha Filho, tempo de Liderança pelo PFL. V.Exa. tem 5 minutos.

 

O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ocupo o tempo de Liderança, representando o Partido da Frente Liberal, para fazer alguns comentários a respeito, principalmente, do que foi debatido na tarde de hoje nesta Casa legislativa.

Notem que a preocupação maior foi exatamente no que se refere ao trânsito em Porto Alegre. O Vereador Presidente citou que em Porto Alegre proliferam as sinaleiras e sinais de trânsito. Realmente. O Ver. Frederico Barbosa pede também uma ampla sinalização e aí eu chamo a atenção do Sr. Presidente de que a sinalização preconizada pelo Ver. Frederico Barbosa era no sentido de que proliferassem mais ainda as sinaleiras, os semáforos. Ao mesmo tempo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós vemos uma campanha a nível nacional e talvez a nível mundial: o combate à AIDS e fico a imaginar o que o nosso País destinou de verbas para esta campanha. Ao mesmo tempo trabalhando em cima de números e números estes que nos assustam, eu chamo a atenção da Casa do povo de Porto Alegre para estas estatísticas de acidentes com mortes, vítimas do trânsito e vítimas dos acidentes de trabalho. Está sendo registrado mais de uma morte por dia em nossa Capital. No ano passado ocorreram 5 mil mortes de acidentes de trabalho, e recebemos notícias de que este número, este ano, está sendo aumentado em 70%. Imaginem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que mais de 8 mil brasileiros irão morrer em 1987, vítimas de acidentes do trabalho, mais de 8 mil brasileiros irão morrer de acidentes de trânsito que, via de regra, esses mesmos acidentes de trânsito se transformam em acidentes de trabalho, pela legislação vigente. São, nada mais, nada menos, do que 16 mil mortes por ano em território nacional, e se quer 5% da verba destinada ao combate da AIDS é destinada a programas de prevenção de acidentes, a programas de prevenção de acidentes do trânsito e do trabalho. Ficar nisto, é um desafio que lanço - se quer que 5% da verba destinada ao combate à AIDS seja destinada à prevenção de acidentes tanto do trabalho quanto do trânsito. Se 16 mil mortes irão acontecer em acidentes do trabalho e de trânsito no Brasil, acho, entendo, que as autoridades deveriam destinar uma relevante parcela no combate desses dois tipos de acidentes com mortes. Um pouco, portanto, da verba destinada ao combate à AIDS. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Flávio Coulon pelo PMDB, V.Exa. está com a palavra por 5 minutos, sem apartes.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Como sempre tenho dito, a leitura dos jornais de Porto Alegre, apesar das críticas que tenho ouvido seguidamente desta tribuna, é, no meu modo de entender, bastante edificante. Vejo e cumprimento o Secretário Municipal do Planejamento, Arq. Newton P. Baggio que será o palestrante na reunião-almoço do SECOVI onde os que tiverem oportunidade de participar deste almoço vão ter todas as respostas sobre um novo Plano Diretor, Fundo de Desenvolvimento Urbano, Finanças Municipais, Administração Alceu Collares e a iniciativa privada. Fico me perguntando o que é que ele vai dizer de novo; a minha dúvida se ele não vai ouvir coisas que ele não sabe ainda. Aliás, por falar neste Sindicato, a edificante leitura dos jornais, diz o Estado de São Paulo: “A SECOVI terá em Brasília - Ver. Lauro Hagemann - toda a estrutura do UDR a seu dispor, resultado da performance de Ronaldo Caiado, segunda-feira, no Plenário do Sindicato”. Interessante a leitura dos jornais! Interessante também a leitura desta notícia: “Gasômetro começa a ser restaurado”. Por sinal, desejo me congratular com a Administração Alceu Collares pela restauração deste prédio, tanto mais ao saber que a SMEC projetou a construção de uma escola municipal de 1° grau, como centro de preparação de mão-de-obra que funcionará integrada ao Museu do Trabalho. Acho que essa escola que, segundo a notícia, no próximo ano estará funcionando com 2.500m², é realmente uma realização que merece todo o nosso elogio. Mas, por similitude com o Projeto Praia do Guaíba, me causou preocupação a complementação da notícia. Conforme todos sabem, naquele Projeto foi escolhido um escritório de arquitetura. Ninguém sabe qual foi o critério que levou a essa escolha, mas foi adjudicado o Projeto a essa empresa, que está desenvolvendo o trabalho. E agora, eu vejo aqui que a recuperação de toda a estrutura de concreto do Museu do Trabalho está a cargo da empresa Jatocret Engenharia. Procurei, em todos os jornais, a licitação desse serviço, os critérios adotados para a escolha dessa empresa, e até agora não encontrei. A preocupação da Bancada do PMDB é em relação a essa prática de contratação de serviços sem concorrência, na base de um projeto, sem que as empresas concorrentes e que fazem serviços similares, sejam consultadas. Nossa preocupação é esta: a adjudicação de serviços de arquitetura e de engenharia sem a devida concorrência pública, conforme reza a Lei. Esta é a preocupação que nós trazemos neste dia, a esta tribuna. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h25min.)

 

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